Gamers fotógrafos
A fotografia enquanto forma de arte pode existir dentro de ambientes virtuais?
O que me levou a refletir sobre essa questão foi o post da Alice do blog Wonderland, em que ela demonstra interesse em encontrar outros gamers explorando a fotografia nos video games. E pelo visto muito jogadores colecionam seus screenshots favoritos, há até alguns álbuns no Flickr dedicados a isso.
E a questão vai muito além do printscreen. Alguns jogos realmente incorporam a câmera fotográfica como elemento do jogo, tornando possível não somente a captura do que o jogador está vendo na tela, mas a captura do que o seu avatar está vendo.
Lembro que uma das partes mais interessantes do jogo GTA San Andreas, pelo menos para mim, era pegar a câmera, deixar de lado as missões e sair pela cidade procurando os melhores ângulos. Consegui ficar um bom tempo envolvido nisso, da mesma forma que ficaria se estivesse de férias visitando uma cidade real, com a vantagem de não precisar me preocupar em não exibir minha câmera em lugares perigosos. Dentro do jogo, todo lugar é seguro.
Alguns fundamentos da fotografia, ainda que de forma bastante simplificada, continuam valendo dentro de alguns video games, como o enquadramento, a iluminação etc. Mas isso é suficiente para dizer que estamos fazendo arte dentro dos jogos?
Pode existir fotografia quando nem a câmera, nem o objeto fotografado existem?
- Fotografias de Half-Life 2: cortesia de Alexo Maravalhas.
Atualização: devido à repercussão desse post criei o grupo Videogame Photography no Flickr para ver se encontro outros interessados em explorar o assunto. Se você é um deles, não deixe de participar.
11 comentários:
Muito bem indicado! Categoria virtual para fotógrafos! Por mim, muitos outros jogos poderiam dispor de recursos de fotografia virtual, especialmente aqueles que são privilegiados com um visual mais rico. Eu cheguei a fazer algumas "fotos" do antigo The Sims (que tinha álbum de fotos, inclusive) e mais recentemente fiz algumas (mas poucas, realmente) no Half-Life 2. Fica a sugestão!
Ah, mas com as imagens agora, ficou excelente! Acho que ilustra um pouco da sua proposta e até, convenhamos, provoca uma vontade! Aliás, não por modéstia, mas a 2ª foto do HL2 (a do interior) é um espetáculo. Pelas texturas, iluminação e tom realístico, claro! Não tanto pelos recursos "fotográficos", porque no jogo não existem (apenas a composição do quadro realmente). Bacana! Abraço.
Concordo, a foto ficou sensasional. Por que ela não tem os indicativos de energia e a mão segurando a arma? É uma opção do game de visualizar em terceira pessoa ou o que?
Lucas, aquela foto trata de um momento onde o jogo, efetivamente falando, não começou ainda. É uma introdução para a edição do 2º jogo.
Você começa vindo de trem, já com elementos de informação como narração, flashes de imagem etc. Ele "liga" a primeira história com a segunda e permite que o jogador aprenda, empiricamente, sobre o básico da nova 'engine', extremamente poderosa.
É possível agarrar um objeto caído no chão. Uma garrafa, por exemplo. Segurá-la e jogá-la. E o movimento do seu personagem (mouse) irá determinar a direção e força com ele será atirado! Ou seja, é preciso pegar embalo com o mouse, se quise jogar mais longe.
Os recursos chegam a permitir que você jogue uma caixa para cima (de sua cabeça) e volte a pegá-la no ar! Muito bacana e também útil durante o jogo, claro.
Este objeto caindo, à certa distância (dependendo da sua fragilidade), ele quebrará em pedaços menores, da mesma forma sensíveis e independentes a interação. Ou seja, são criados novos objetos menores do objeto inicial.
Isso sem falar no visual altamente bem acabado (texturas pra lá de detalhadas), luzes realistas e interativas, enfim, e tudo isso sem exigir muito do seu computador (ao contrário de Doom III).
Nessa etapa do jogo, você também interagem com os guardas, que têm uma postura bem ostil ao nosso personagem, como se ele fosse um prisioneiro de sua própria cidade. Ao fundo ouve-se a lavagem cerebral do prefeito da cidade.
Você até pode irritar e tentar agredir um policial, ele irá retribuir com agressividade, aplicando choques com o bastão, mas você só chega a ficar "tonto"; não morre. Então não há marcação de energia vital, nem acessórios que só aparecerão mais tarde.
É uma boa pedida pra umas fotografias: a estação de trem.
Sim! fotografia virtual. é interessante sim!!! pra celebrar o momento do jogo, é como se você chegasse em uma manhã, tivesse uma luz boa, brilho do sol, árvores verdinhas e acontecesse um bom clique. Há trechos de jogo em que eu paro e realmente aprecio a arte dos criadores do ambiente, exemplo que o Alexo colocou foi o HL2. tem uma parte do jogo que eu acho super! que ele está em Route Kanal e tem que fujir, há uma luz que representa uma luz do sol de final de tarde, com uma radiação alaranjada bem acabada que dá uma certa naturalidade a cena. gosto muito das texturas de HL, mesmo o Primeiro jogo. Continua daqui a pouco, vou ver se consigo uns cliques pra mostrar... (como que faz pra tirar foto no HL2?
Não lembro como "fotografa" em HL2. Mas o engine dele tem um recurso visual, que eu acho simplesmente fantástico. E vejo como meramente de apreciação estética (obviamente, colabora na realidade da imagem). Ele imita o resultado de uma luz muito intensa (no caso, o Sol) sobre os objetos em cena. A luz simplesmente "invade" o objeto, especialmente aquelas vegetações, que são menos densas. Vale ver um por-de-sol em Half-Life 2 realmente!
Ainda não tive a oportunidade de jogar San Andreas, mas recentemente experimentei Dead Rising para a Xbox360 que também aborda a questão da fotografia, aliás, o personagem principal que controlamos, é um Fotojornalista freelancer que, paralelamente às missões que terá que concluír, tem como objectivo adicional, captar fotografias do acontecimento que se encontra a viver para conseguir a sua reportagem.
O que acontece na situação dos videojogos é exactamente o mesmo que acontece com as máquinas digitais. Na minha opinião, o conceito de "fotografia digital" é ilusório, pois a fotografia é sempre analógica, é sempre icónica, possui uma matriz indicial. Uma máquina digital capta imagens digitais (diferente de fotografia) pois estamos sempre na presença do pixel, da informação binária facilmente moldável, editável e nunca do "grão de areia" (unidade mínima do analógico).
Nos videojogos, e no caso do uso de uma "máquina fotográfica", devo concluír que o jogador não trabalha nunca o objecto como ferramenta, mas aplica os seus conhecimentos de fotografia (plano, iluminação, etc...) na captação de imagens digitais...
No fundo não é mais do que imagens digitais estáticas dentro de imagens digitais dinânimas...
Esta é a minha opinião, certamente discutível assim espero :)
Um abraço!
André Carita
http://pensarvideojogos.blogspot.com
Correcção: no penúltimo parágrafo é "dinâmicas"..
Abraço!
Alguns profissionais realmente não consideram a fotografia digital como uma forma genuína de fotografia. Eu já sabia disso e gostei de ver o André tocar no assunto. Essa discussão vai longe!
André, excelente o seu blog, já incluí ele no meu bloglines e estou linkando você no http://hipergame.blogspot.com
Abraços.
Eu não sei. Talvez não tenha entendido bem a defesa do André e também dos fotógrafos que não considerariam a fotografia digital como fotografia "genuína", como diz o Lucas. Mesmo a fotografia analógica é passível de manipulações. Elas podem acontecer e vários níveis e momentos, assim como na digital (que, alías, terá manipulação opcionalmente: não é uma premissa).
De qualquer forma, no caso das "fotografias" nos jogos, se é pra investir, poderiam existir alguns recursos a mais, pra coisa ficar mais interessante (foco, zoom, exposição, tipos de lente etc.).
abraço
E para facilitar a exposição de fotos em jogos eletrônicos, inclusive com a colaboração aberta a qualquer um, criamos uma galeria no Flickr. Qualquer um pode fazer upload de fotos via e-mail. Veja os detalhes no perfil da conta.
Acesse por este endereço:
http://fotografiavirtual.benzaiten.com.br
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