quinta-feira, 12 de outubro de 2006

Na colina do terror



Eu sou um fã de carteirinha do gênero terror! E Silent Hill (Konami) é um título a ser citado, não se pode negar, por alguns méritos. Um deles, diria, se dá por conta da produção na trilha sonora e pelo design de som. Digo design de som, num sentido um pouco diferente do que tradicionalmente poderia ser entendido por sonoplastia (efeitos de mimetismo ou de ambientação mais pontuais, mais localizados).

E eu gosto de lembrar de Silent Hill como um bom exemplo de álbum conceitual. Muito embora eu ache uma redundância atribuir essa categoria a uma trilha sonora: não seriam todas elas conceituais? De qualquer forma, eu também costumo pensar na música como tendo essa função quase inseparável de criar um clima. E sob esse aspecto, a arte sonora de S. H. é fundamental para a imersão do enredo.

Bom, vou manter essa minha ênfase de álbum-conceito e fiquem à vontade para discordar ou corrigir minha colocação! Mas realmente penso que eu talvez enfoque esse aspecto na OST de Silent Hill (falo mais especialmente do primeiro jogo/álbum) simplesmente porque muitas das faixas são realmente "ilustrativas", ou seja, mais importante que usar de frases melódicas, elas parecem ter a intenção primária de ambientar uma situação, um momento. E nessa ânsia, várias delas são ruidosas, estranhas, com temas industriais. O próprio elemento do ritmo, quanto notado (por ser mais rápido), acaba revelando uma agonia, ao contrário de uma pulsação calorosa que normalmente associamos.

Voltando, objetivamente. O álbum chama-se Silent Hill - Original Soundtracks (catálogo KICA-7950, de 1999), contém 42 faixas (várias delas são contínuas entre si), somando 1h11' – músicas compostas, a maioria, por Akira Yamaoka – que também vai assinar as composições das próximas seqüências da série (cinco, atualmente).

E eu noto que este primeiro trabalho parece conter alguns elementos básicos que vão nortear com mais evidência os álbuns dos próximos jogos, criando um vínculo coerente entre todos eles. A primeira faixa do álbum, ao contrário de quase todas as outras, é melodiosa. E suas melodias parecem querer trazer já alguns destes elementos para serem lembrados em outras faixas ou álbuns. Ficam ali bem marcados o dedilhado no violão, a guitarra para melodias, o órgão contínuo ao fundo, alguns ruídos de vinil, enfim. Repare um breve choro, quase subliminar, bem ao final da música. Aliás, a faixa Not Tomorrow 1 (35) é um acorde recorrente.

Sobre o que eu já comentei, o elemento rítmico reforça o gênero industrial, e ele insere algo incômodo e invasivo. Repare, por exemplo, a agonia das faixas: Until Death (4), Devil's Lyric (6), For All (8), Don't Cry (14), Half Day (19), Dead End (25), Ain't Gonna Rain (26) e Die (30). Títulos sugestivos, não? Claw Finger (10) é uma excessão, contendo uma pulsação agradável, no entanto este sentimento não é conclusivo, ficando aqui um clima de mistério.

Mas se este elemento ritmado nos é incomodativo, a falta dele será "pior" (melhor, na intenção)! E várias outras faixas são exatamente assim, suspensas, quase sufocantes, algumas inaudíveis (!) e isso acaba me fazendo lembrar Doom (veja Doom: claustrofóbico prazer) – fenômeno em jogo de ação, ambientado sob a temática da ficção científica/horror – diferentemente de Silent Hill, que se desenvolve sob o formato de aventura (ou adventure), focado mais no entendimento dos detalhes da história.

Nessas faixas menos marcadas pelo ritmo, o "design" irá trabalhar a estranheza da combinação dos sons. Destaco: Killed by Death (13), I'll Kill You (22), My Justice for You (23), Never Again (29), Not Tomorrow 2 (36) e a terrível My Heaven (37).

Voltando a falar das faixas com melodias bem marcadas e baladas mais convencionais, volto a citar faixas que também irão ditar uma marca dos próximos temas de S. H. – e essas são as faixas que mais vão agradar ao público leigo, especialmente ao ouvinte das músicas fora do ambiente do jogo, por serem mais popTears of... (38), Killing Time (39), She (40) e Silent Hill - Otherside (42).

Um parênteses: este ano tivemos S. H. adaptado para longa metragem (dirigido por Christophe Gans, com Radha Mitchell), um lançamento da Sony, onde algumas faixas das trilhas sonoras dos jogos foram usadas no filme.

Destaco a faixa 41, um tango entitulado Esperándote, única música cantada (os próximos OST de Silent Hill terão cada vez mais versões com interpretações cantadas), que reproduzo abaixo sua letra.

Não quero deixar de comentar as capas das obras de S. H., onde seus personagens têm esse olhar opaco, sem vida e distante, com iluminação sombria. Repare na frontal, onde mesmo um sorriso de criança pode parecer ter algo de sinistro. A arte gráfica, como sua trilha, representa um pouco do ambiente conturbado do ótimo Silent Hill, da tradicional Konami.

Esperándote

  • Música e letra: Rika Muranaka
  • Arranjos: Rika Muranaka, Omar Valente
  • Performance: Vanesa Quiroz
Estoy soñando sí
Sólo imagino
Todo es real
Ojalá que asi lo fuera

Es sólo otro día
Otra noche fría
No sé si me buscas
O si me esperas

Puedo ver en tus ojos
Y también tu rostro
Quiero verme amada
Y dormirme abrazada
Dime que me quieres
Dilo por favor

N
o puedo dejarte
Y menos olvidarte
No puedo saber
Qué quieres de mí
Puedo tocarte
E incluso verte
Ven hacia mí

V
amos, más cerca...
Puedo sentirte
Tan cerca de mí

No me persigas
No lo soporto
¿Por qué me torturas?
¿Qué quieres de mí?

Dime quién eres
Dime dónde estás
¿Qué quieres de mí?
¿Qué necesitas de mí?

No puedo saberlo
¿Qué quieres de mí?

2 comentários:

Christiano disse...

Silent Hill, pra mim, é clássico. Apesar do gênero Survival Horror ter sido inaugurado por Resident Evil, eu considero que o auge do terror psicológico foi alcançado na "pacata" cidade de Silent Hill, mais precisamente no segundo episódio da série. E, realmente, a trilha sonora (não só as músicas, como também os efeitos) são perfeitos dentro do contexto e da ambientação do jogo. Quem tiver peito, que jogue no escuro.

Lucas Haeser disse...

Show Alexo!

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