terça-feira, 17 de outubro de 2006

Mais criatividade ou mais liberdade?

Marcelo Tavares, em entrevista audiovisual para a editoria Tecnologia do jornal O Globo, faz uma rápida "viagem" cronológica, citando alguns consoles marcantes da história dos jogos eletônicos.

Ao final da matéria/entrevista/vídeo, Marcelo compara o fator 'diversão', relacionando os jogos modernos à uma complexidade tal, que alguns deles exigiriam manual de instruções e/ou pesquisas prévias para um bom desenvolvimento. E isso me soou como uma crítica, então acrescento algumas colocações para reflexão.

A simplicidade, que se relaciona comumente aos jogos antigos, pode ser mais relativo à tecnologia e à cultura da época do que fruto de maior criatividade por parte de seus autores. A produção de entretenimento eletrônico estava sendo desbravada, experimentada, e quando tudo é uma novidade, é natural que os primeiros jogos tenham, comparativamente falando, as qualificações de 'mais simples e criativo'. É provável que a energia produtiva se focasse mais nas viabilidades técnicas e comerciais do que exatamente na criatividade das temáticas dos jogos.

Da mesma forma pode-se afirmar que os jogos modernos têm pouca ou nenhuma inovação notável, alguns seriam complexos demais, "burocráticos" ao ponto de exigirem a leitura de um manual de instruções, quando na verdade os profissionais de hoje têm tantas ou mais imposições a serem levadas em consideração na criação de um produto eletrônico.

A começar pela própria história, enorme concorrente criativa, pois leva vantagem no ineditismo. A tecnologia: o que antes tinha-se de menos, hoje tem-se de sobra; no entanto, mais variáveis significam mais restrições e especializações. O mercado, a indústria, a balança investimento/lucro, as diretrizes das produtoras serão fatores que pesam em uma produção de entretenimento. A comunicação globalizada, o acesso mais instantâneo à informação, enfim, tornam maiores os anseios quanto às possibilidades dos jogos. Afinal, o fator 'diversão' ganhou novas dimensões.

Nesse raciocínio, o que seriam elogios aos jogos antigos (criatividade e objetividade) e críticas aos jogos modernos (pausterização e excesso), acabam sendo apenas constatações circunstanciais, mais um reflexo espontâneo de um momento na história destes produtos do que mérito ou apatia de seus criadores.

Veja que não quero diminuir uns ou defender outros, apenas sugerir limitações que são colocadas aos profissionais da área de criação de jogos eletrônicos, cada um a seu tempo, mas com grandes desafios a serem superados.

Sobre a questão dos manuais de jogos, podemos deixar para uma outra postagem! Então, voltando à entrevista do Marcelo Tavares, os consoles comentados foram: Telejogo, Atari Flashback 2, NES (Nintendo Enterteinment System, ou "Nintendinho"), Master System II, Nintendo 64 e XBox 360.

Eis o link (acesse a última opção do menu, "Vídeo: Consoles"):
http://oglobo.globo.com/tecnologia/info/criancas

2 comentários:

Lucas Haeser disse...

Os jogos aumentaram de complexidade sim, mas nem por isso são menos interessantes do que os de antigamente. O comentário dele foi movido pela nostalgia. Acho que foi mais uma opinião pessoal do que uma crítica.

Alexandre Maravalhas disse...

Verdade. Aqui também a idéia não era tanto dar mais mérito a alguém, enfim. Os jogos (interessantes ou não) acabam sendo um reflexo da cultura vigente no momento em que estão inseridos. Equivale dizer que filmes antigos eram mais divertidos por serem mais simples (sem som, sem cor, com efeitos especiais lúdicos)? Pegue um "guri" contemporâneo nosso pra jogar Pong e outro da década de 60 ou 70 pra jogar, não sei, Counter-Strike. Vão estranhar e talvez nem vão se divertir até trocarem de lugar no tempo.

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