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Respondendo ao André que, nos comentários da sua postagem "Video game music: várias facetas de uma mesma temática", diz: "(...) Os jogos nos obrigam a ouvir a mesma música por vezes e vezes, acabando por nos obrigar a 'gostar' também. A questão é: isso seria uma vantagem? Até que ponto? Ou seria uma desvantagem?".
Me parece, inicialmente, que existem ambas as situações, com questões negativas e positivas nessa característica meio "impositiva" da música de jogos.
Negativa, primeiro, porque a repetição infinita de um tema musical em si já é um problema prático. Segundo, porque, em maior ou menor grau, esse efeito "bate-estaca" cria como que uma relação afetiva com a música de um jogo que se goste, seja ela uma boa composição ou não, já que inevitavelmente, o poder de avaliação da peça também foi afetado.
Por outro lado, existem pontos positivos nesta forma de apresentação. No cinema, por exemplo, a trilha é precisamente inserida em um contexto narrativo determinado, ou seja, é totalmente controlada para tal. Não é incomum que certas trilhas, que foram apresentadas ao público de uma forma reduzida (necessária à cena), apareçam "esticadas" demais (chata ou deslocada, quando estendida) nos CDs comerciais, que precisam mostrar as músicas com um "corpo" maior. Pois muitas composições para jogos acabam sendo desenhadas para serem apreciadas do início ao fim; deve-se manter grau coerente de interesse em vários momentos, pois toda ela é (ou poderá ser) apresentada várias vezes. Cenários maiores também exigem composições de maior duração, de outra forma, melodias curtas se tornarão repetitivas demais, tornando-se incômodas, enfim.
Outro ponto positivo seria o cuidado que alguns jogos têm em fazer uma apresentação cíclica de uma série de músicas em um mesmo ambiente (fase etc.). Alguns jogos procuram compor mais de uma música para um mesmo momento, quando este é uma passagem comum.
Mais uma possível vantagem da audição repetida ou obrigatória é poder, assim, apreender com mais propriedade determinada criação musical, quando de outra forma, eventualmente não se faria. Por exemplo, conhecer determinada expressão musical exótica, incomum de se ter comercialmente no país. Ou, ainda, aqueles casos onde, mesmo não se apreciando determinado gênero, mas onde em determinada situação de um jogo, a peça se torna perfeita, ampliando, quiçá, preferências pessoais quanto a estilo.
Enfim, são idéias iniciais sobre as características particulares das artes envolvidas nos produtos eletrônicos. Complete ou discorde nos comentários. Um abraço.
Um comentário:
Tardei mas não falhei. heuehueh
Bom... Não tenho praticamente nada a completar e nem a discordar.
Acho que o lado negativo, no qual se situa o efeito "bate-estaca" provocado pela repetição assídua da música, poderia ser um pouco atenuado se os jogos tivessem várias opções de música para uma fase só e se o jogador tivesse a oportunidade de escolher a música que quer ouvir. Aliás, isso já acontece em vários jogos, principalmente em PCs quando esses usam arquivos de extensão mais comum pra músicas. Quantas vezes já troquei o áudio de jogos quando tinha essa possibilidade... As rádios inseridas em jogos também têm essa vantagem, mas me referindo à composição original para determinado trecho do jogo, essa poderia ser sempre mais de uma. Evitaria causar um efeito alienante no jogador e também seria menos cansativo.
Mesmo assim o ponto negativo está longe de anular os pontos positivos. Principalmente no que você citou com relação à exposição de uma música completa. Realmente é algo no qual eu não tinha pensado ainda de forma tão direta. Isso me fez relembrar a trilha do jogo Spider Man & Venom: Maximun Carnage (Mega Drive/Snes). A trilha é repleta de composições enormes. A banda Green Jellÿ até compôs música especificamente pro jogo (tenho certeza de uma apenas, não sei se há outra) e também há uma música do Black Sabbath inclusa. E o mais interessante é que elas são em sua maioria completas, com solos e tudo o mais. Esse jogo seria uma ótima influência rockeira para uma criança (vou me lembrar disso se um dia eu tiver filhos e quiser influenciá-los). O que vai de encontro ao que você disse a respeito de nos obrigar a ouvir certos estilos. E quanto ao ponto negativo de nos obrigar também a ouvir composições ruins, felizmente a história da música para video games está aí pra mostrar a quantidade de ótimos compositores e de ótimas composições para os mais variados estilos de música e jogos. Dificilmente os desenvolvedores de um bom jogo contrataria um compositor que não estivesse à altura. Hoje em dia mais do que nunca...
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